sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Conto Erótico - Eloisa Prado (Café do Buk Original)






Durante todo o dia imaginei esse encontro, foi quase um planejamento, e eu me vesti pra isso. Eu sabia que te encontraria, eu te busquei em olhares, em sorrisos, em um tom de voz e até mesmo no andar despretensioso.
E ali, naquele estacionamento te encontrei.

Presa fácil! Descuidado e sentado ao volante com o carro desligado.
Apesar de ser noite, a luz refletia em seu rosto destacando uma barba perfeita, cerrada e bem delineada que fazia o contorno suave na sua boca, cabelos bagunçados, sua pele era de um tom dourado.
Observei suas mãos que suavemente deslizavam pelo vidro da janela enquanto finalizava uma ligação.

Eu me aproximei, decidida de que;
Hoje eu escolhi você. Hoje te fiz minha opção.

As marcas que me foram deixadas pelo tempo, agora não importam. Prefiro imaginar as marcas que você em pouco tempo deixarás em mim.

Quero-te apenas hoje e por alguns instantes.

Não quero saber seu nome e nem de onde vem, quero agora que me leve por caminhos esquecidos e que só podem ser trilhados por meio de prazer.
Quero que me deseje e que me possua. Hoje, e somente por hoje eu me deixarei ser sua.

Pela porta carona eu entro, no meu traje gabardine vermelho que encobre apenas a lingerie preta de renda mesclada com cetim.
Você de sobressalto me olha assustado. Percebo que sua expressão muda imediatamente ao encontrar com seus olhos, os meus.
Fita com os olhos minha boca entreaberta e com os lábios vermelhos, contempla meu olhar e entende que minha boca pede a sua.

Minhas mãos lentamente abrem os botões do casaco deixando agora os seios, a mostra.

Você, de imediato enuncia resposta.
Meu corpo enquanto obra de arte te proíbe o toque. Você tenta mais uma vez, eu recuso, desvio e me excedo. Mas, ao tocar com sua mão quente entre minhas coxas, covardemente, cedo.

Meu corpo agora é como beija flor, e meu êxtase está em voo.
Seus dedos dedilham os pequenos e grandes lábios da minha bucet@ como se tocassem em pétalas.
Sua boca sedenta e voraz encaixa perfeitamente e com vontade a aureola inteira do meu seio, e reveza de um para outro como se sua boca e língua pela primeira vez provassem o gosto do mais doce mel.

Seus dedos entram em mim e eu maldigo-te, me contorço e sinto que conquistei naquele momento a paz com a guerra que dessa vez, não lutei.
Apenas me entreguei me deixei vencer e gozei.

Por todo esse tempo matei vontades, hoje te respiro em desejos.

Abro meus olhos com seus dedos em minha boca, aqueles mesmos que adentraram ao ponto G.
Percebo agora que estás pronto. Ainda ardendo em vontade eu sento em você. A entrada é lenta e gera espasmos de prazer, eu deslizo com um encaixe perfeito e como se quisesse sentir cada pedacinho seu repito isso por algumas vezes.

Em seguida aumento o ritmo, subindo e descendo com vontade, gosto de te sentir em mim.
É na sua expressão facial que encontro o caminho que eu buscava, e nesse frenesi você reage, enchendo de você em mim.

Acabou-se o instante, objetivo concluído. Um beijo demorado nem uma palavra e cada um para o seu lado.

Eu, ainda sinto o pulsar daquele instante em que me permiti, ser eu.

Eloisa Prado

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Dia de Festa no Luxúria Cult - Cantos novos - Frederico Garcia Lorca

Diz a tarde: “Tenho sede de sombra!"
Diz a lua: “Eu, sede de luzeiros.”
A fonte cristalina pede lábios
e suspira o vento.

Eu tenho sede de aromas e de sorrisos,
sede de cantares novos
sem luas e sem lírios,
e sem amores mortos.

Um cantar de manhã que estremeça
os remansos quietos
do porvir. E encha de esperança
suas ondas e seus lodaçais.

Um cantar luminoso e repousado
cheio de pensamento,
virginal de tristezas e de angústias
e virginal de sonhos.

Cantar sem carne lírica que encha
de risos o silêncio
(um bando de pombas cegas
lançadas ao mistério)

Cantar que vá à alma das coisas
e à alma dos ventos
e que descanse por fim na alegria
do coração eterno.

Frederico Garcia Lorca